A febre amarela é uma doença viral transmitida pela picada de mosquitos infectados, principalmente o Haemogogus e o Aedes (o mosquito da dengue). A doença é caracterizada por sintomas como febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômito, dores no corpo, icterícia e hemorragias. Uma parcela dos infectados pode apresentar um quadro grave, que chega a levar à morte em poucos dias.
O Ministério da Saúde relata de que de julho de 2017 até 14 de janeiro de 2018, foram confirmados 35 casos de febre amarela no país, sendo que 20 levaram a óbito. Outros 145 casos suspeitos permanecem em investigação. Para evitar a expansão do vírus, 21,7 milhões de pessoas deverão ser vacinadas contra febre amarela em 77 municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. A dose fracionada será administrada para 76% dos imunizados, o restante deve ser vacinado com a dose padrão.
Atualmente, a vacinação e o controle dos mosquitos são as únicas maneiras de prevenir a febre amarela. Durante surtos da doença, uma resposta rápida e eficiente é necessária para proteger a população e imunizar o maior número possível de pessoas.
Uma estratégia para expandir a capacidade de proteção em situações de risco é a vacinação com doses fracionadas. A vacinação fracionada permite que até 5 pessoas sejam imunizadas com a dose que normalmente é utilizada para um único indivíduo.
Será que o fracionamento da vacina é uma boa estratégia para conter o alastre da doença?
Segundo um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), uma campanha de vacinação fracionada foi utilizada para conter um surto de febre amarela em 2016 na República Democrática do Congo. Na época, era necessário imunizar 10,5 milhões de pessoas, mas o estoque de vacinas era insuficiente. Assim, uma dose fracionada (⅕ da dose padrão) foi administrada. Estudos realizados até um ano depois verificaram que os indivíduos que receberam a dose fracionada tiveram uma proteção equivalente aos que receberam a dose inteira. A OMS avaliou que a estratégia de fracionamento é promissora para proteger populações vulneráveis em momentos de crise.
No Brasil, um estudo do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) com apoio da OMS acompanhou voluntários que receberam a dose fracionada da vacina em 2009. Em 2017, os pesquisadores verificaram que os vacinados com ⅕ da dose normal continuam apresentando proteção contra o vírus equivalente aos que receberam a dose inteira. Isso mostra que a dose fracionada da vacina brasileira é eficiente na imunização por pelo menos 8 anos (que é o intervalo decorrido desde a aplicação até 2017). A Fiocruz deve continuar o estudo para determinar o prazo máximo de imunização com dose fracionada.
Entretanto, o Ministério da Saúde afirma que a dose fracionada não é indicada para todos os indivíduos. A dose padrão é recomendada para crianças menores de dois anos, pessoas com condições clínicas especiais e viajantes internacionais que necessitem do certificado de vacinação.
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